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sábado, 14 de maio de 2011

CURA PARA A AIDS,SERÁ?

Mark Schoofs 
The Wall Street Journal
Numa descoberta histórica que segundo cientistas pode ajudar a diminuir a epidemia mundial de aids, pesquisadores anunciaram ontem que o tratamento de pacientes com HIV com remédios para a aids diminui notavelmente o risco de infecção.
Os resultados são tão impressionantes que uma comissão independente que monitora a pesquisa recomendou que ela seja divulgada quatro anos antes do prazo final do estudo, que envolve vários países.
"Fiquei abismado", disse Salim Abdool Karim, professor da Universidade de KwaZulu-Natal, na África do Sul, que faz pesquisas sobre a aids e não se envolveu no estudo, embora tenha sido informado dos resultados. "Se pudermos implementar isso", disse ele, "teremos uma chance de verdade de virar a mesa na epidemia de aids."
[HIV]Agence France-Presse/Getty Images
O estudo aleatório com 1.763 casais — em que um parceiro tinha HIV e o outro, não — confirma um conjunto crescente de pesquisas menos rigorosas e deve aumentar a urgência de campanhas de tratamento, especialmente na África, lar de dois terços dos mais de 33 milhões de pessoas que se calcula que vivam com HIV no mundo. Lá, um esforço mundial para tratar milhões de pacientes com remédios antirretrovirais pode ganhar o benefício extra de reduzir a disseminação do vírus. Os envolvidos no combate à doença apelidaram a estratégia de "tratamento como prevenção".
O estudo, de US$ 73 milhões, foi realizado em nove países, financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos e liderado por Myron Cohen, diretor do Instituto para Saúde Mundial e Doenças Infecciosas da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill.
Os resultados surgem no que pode ser um ponto de inflexão na epidemia, quase 30 anos depois do dia em que a doença foi descoberta entre cinco homens homossexuais em Los Angeles. Uma vacina continua sendo o grande objetivo da pesquisa de prevenção da aids. Mas uma combinação de novos métodos de prevenção do HIV convenceu muitos especialistas em aids de que podem restringir drasticamente as novas infecções. Em 2009, 2,6 milhões de pessoas foram infectadas com o HIV, segundo estimativas da Organização das Nações Unidas.
"Embora ainda seja importante desenvolver uma vacina para o HIV, já temos ferramentas significativas a nossa disposição que podem ter um grande impacto na trajetória dessa epidemia", disse Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA.
Junto com o tratamento dos portadores do HIV para torná-los menos infecciosos, as principais ferramentas de prevenção para a África são a circuncisão masculina, que reduz as chances de um homem adquirir o vírus, e um gel "microbicida" que bloqueia o vírus e é aplicado pela mulher na vagina.
Cada um desses métodos recebeu atenção considerável, embora normalmente como uma intervenção isolada. Mas é o uso de todos eles — junto com métodos comportamentais como a promoção de preservativos e a limitação do número de parceiros sexuais — que pode finalmente coibir a epidemia. Fauci chama isso de "combinação prevenção" e disse que tem se ocupado disso ultimamente.
Os resultados de ontem devem pôr fim, ou pelo menos diminuir, uma disputa ferrenha no mundo da aids sobre quanto dinheiro deve ser aplicado no tratamento em relação à prevenção. Nos últimos anos, muitos especialistas argumentaram que mais ênfase deve ser dada à prevenção, mas o novo estudo dá agora evidências de que o tratamento pode funcionar como prevenção.
A falta de recursos será um grande obstáculo. A comunidade internacional tem tido dificuldades para conseguir recursos suficientes para tratar pessoas com sintomas avançados de aids — quanto mais os que estão em estágios iniciais da doença. De 2008 a 2009, o gasto geral contra a epidemia em países de renda baixa e média ficou praticamente estagnado, em pouco menos de US$ 16 bilhões anuais, segundo estimativas preparadas pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV e Aids (Unaids) e a Fundação Kaiser Family.
No fim de 2009, mais de 5 milhões de pessoas estavam em tratamento — mas outros 10 milhões precisavam das drogas, segundo o Unaids, e o déficit de recursos era estimado em mais de US$ 7,5 bilhões. Drogas antirretrovirais não curam a aids, apenas a controlam. Por isso as pílulas têm de ser tomadas todos os dias pelo resto da vida.
Ainda assim, o tratamento tem uma vantagem financeira: "É basicamente de graça em termos de impacto preventivo, porque isso é tratar pessoas que precisam de tratamento de qualquer maneira", disse David Barr, um veterano especialista em aids.
Outro obstáculo é a dificuldade de pôr os programas em prática, especialmente em locais pobres, com sistemas de saúde claudicantes, fraca educação e outros desafios.
O estudo envolveu casais, 97% deles heterossexuais. Os parceiros infectados com o HIV começaram com um sistema imunológico moderadamente saudável.
Cerca de metade dos casais foi designada aleatoriamente para que o parceiro infectado tomasse drogas antirretrovirais imediatamente. Nos outros casais, o parceiro infectado esperou para começar o tratamento até um estágio posterior da doença, uma prática comum em muitos países. Todos os participantes foram aconselhados em como se proteger contra a transmissão do HIV e receberam preservativos e outros serviços de prevenção de graça.
No grupo que esperou para começar o tratamento, ocorreram 27 infecções em que o vírus estava geneticamente atrelado ao parceiro infectado. Todas essas infecções ocorreram quando o paciente não estava ainda tomando os antirretrovirais.
No grupo que começou o tratamento imediatamente, houve apenas uma infecção ligada geneticamente.
Comparando as duas taxas de infecção, os pacientes que tomaram os antirretrovirais foram 96,3% menos propensos a transmitir o vírus.
Como quase todos os casais no estudo eram heterossexuais, as novas descobertas não se aplicam a casais homossexuais, advertiram os pesquisadores.
"A maioria das autoridades ainda recomendaria o uso de outros métodos preventivos, como preservativos", mesmo que o parceiro HIV positivo esteja em tratamento antirretroviral, escreveu num e-mail Kevin De Cock, diretor do Centro para Saúde Global dos Centros para Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos EUA. O estudo é novo e ele disse que o CDC não divulgou nenhuma diretriz sobre o benefício preventivo da terapia antirretroviral.
Os pesquisadores souberam dos resultados em 28 de abril e advertiram que ainda estão analisando os dados. Os pacientes do estudo que não estavam ainda em tratamento estão recebendo drogas antirretrovirais.
Além de reduzir a transmissão, o início imediato do tratamento pareceu melhor para a saúde dos pacientes. Por exemplo, em comparação com os que adiaram a terapia, os que começaram com as drogas imediatamente tinham menos probabilidade de contrair um tipo de tuberculose que ocorre do lado de fora dos pulmões.
Os pacientes sob medicação antirretroviral são menos infecciososos porque as drogas suprimem de maneira acentuada a quantidade de HIV no organismo, de modo que as pessoas em tratamento têm menos vírus para transmitir.

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